Esboço de uma
carta de Nietzsche a Elizabeth
A mais
profunda objeção ao eterno retorno do mesmo
Apresentação, tradução e notas de Allan Davy Santos
Sena.
Doutorando
em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp
Bolsista
CNPq (allandavy@hotmail.com).
Na última versão que o §
3 de “Por que sou tão sábio” de Ecce homo
recebeu, em dezembro de 1888, Nietzsche declara: “Eu confesso que a mais
profunda objeção contra o ‘eterno retorno’, meu pensamento verdadeiramente abissal, sempre são minha mãe e irmã...”
[1]
Essa declaração, juntamente com a fantasia de Nietzsche no que diz respeito a
sua ascendência nobre e polonesa, acabou se tornando um dos grandes argumentos
para a interpretação, que já deveria estar, mas não está, totalmente rechaçada e relegada ao preconceito mais
vulgar, de que o Ecce homo,
juntamente com O Anticristo e os Ditirambos de
Dionísio, são frutos do delírio que assaltou Nietzsche pouco antes de seu
colapso mental que o deixou demente. Em sua brilhante introdução a sua tradução
das últimas cartas de Nietzsche, Yannick Souladié [2]
chama atenção para o fato de que todo testemunho que dispomos sobre o colapso
de Nietzsche se resume aos bilhetes escritos entre 3 e 4 de janeiro de 1889, os
relatos de Overbeck e os relatórios da equipe médica de Basiléia e de Jena.
Todas as cartas de setembro a meados de dezembro de 1888 atestam claramente que
Nietzsche não estava louco, mas em plena posse de suas faculdades mentais ao
escrever O Anticristo, Ecce homo, e Nietzsche contra Wagner. No que concerne ao período exatamente
precedente ao colapso (ou seja, entre 15 de dezembro a 2 de janeiro), há certas
proposições de Nietzsche que podem parecer excessivas, desmesuradamente
imodestas. Entretanto, a imodéstia de Nietzsche não pertence unicamente a este
período e nem é exclusividade do filósofo (além de estar relacionada,
naturalmente, como uma fina auto-ironia). Assim como Nietzsche, o próprio
Wagner, por exemplo, sempre fez uma idéia bastante elevada de sua própria
importância histórica. Uma agitação crescente pode ser de fato constatada a
partir da segunda quinzena de dezembro, mas é somente a partir do Natal que as
coisas começam verdadeiramente a se deteriorar. As cartas de 25 de dezembro a 2
de janeiro testemunham uma percepção alterada de certas realidades. Segundo
Souladié, o Natal era uma data pela qual Nietzsche sempre se mostrou particularmente
sensível. [3]
Podemos verificar isso no primeiro de seus vários escritos autobiográficos de
juventude, a saber, Da minha vida: Os anos de infância: 1844-1858, escrito
aos 14 anos, no qual ele faz uma transcrição de uma “Carta de Natal” que ele
escrevera talvez no Natal de 1857 (cf. nossa tradução dessa “Carta de Natal”
publicada no Blog do Grupo Nietzsche da UFMG clicando aqui). Souladié informa que as grandes crises de Nietzsche
costumavam sobrevir neste período do ano. Na virada do ano 1879-1880, por
exemplo, ele chegou mesmo a acreditar que sua vida tinha chegado ao fim. Seus
parentes e amigos próximos já estavam até mesmo habituados a observarem essa sua
agitação à ocasião das festas de fim de ano. Heinrich Köselitz chega inclusive a responder ao “bilhete de loucura” que Nietzsche lhe envia: “Estimado Professor!
Devem estar se passando grandes coisas com você! Seu entusiasmo, sua saúde
[...] Você é uma saúde contagiosa; a epidemia, que sua saúde certa vez buscou,
a epidemia que não pode mais faltar a sua saúde.” [4]
Deste modo, Souladié defende que embora a “crise natalina” de Nietzsche não
possa ser considerada como aquilo que de fato desencadeou o colapso mental do
filósofo, ela é sem dúvida um fator envolvido em seu advento. De 25 de dezembro
a 2 de janeiro, Nietzsche escreve cartas algumas vezes um pouco fantasiosas,
mas que não indicam de modo algum uma perda total de razão como aquelas
escritas nos dias 3 e 4 de janeiro. Ele envia, por exemplo, instruções muito
precisas ao seu editor Constantin Georg Naumann até 2 de janeiro de 1889. [5]
É unicamente a partir de 3 de janeiro, portanto, que as cartas de Nietzsche
testemunham uma verdadeira e total perda de razão. Como podemos constatar no
relato feito por Overbeck, que foi ao socorro do velho amigo em seu quarto na
Via Carlos Alberto 6, em Turim, no dia 6 de janeiro de 1889, levando-o de volta
a Basiléia juntamente com seus últimos manuscritos, e que pode testemunhar como
se deu o colapso do filósofo melhor do que ninguém:
Sua loucura,
da qual ninguém vivenciou a explosão mais perto do que eu, foi, tal é a minha
convicção mais profunda, uma catástrofe que lhe acometeu de maneira súbita. Ela
se produziu entre a véspera do Natal de 1888 e o dia do Ano Novo de 1889. É
impensável que ele tenha sido louco antes, qualquer que tenha sido seu grau de
exaltação. [6]
A
carta que gostaríamos de apresentar aqui é um esboço de uma carta não enviada escrita pelo filósofo a sua
irmã, que na época residia com seu marido Bernhard Förster em uma
colônia ariana, a Nova Germânia, em Assunção no Paraguai (após o fracasso de
tal empreendimento, Föster se suicida, e Elizabeth retorna para a Alemanha para
cuidar do irmão já demente). A carta, escrita no final de dezembro de 1887,
além de testemunhar a absoluta repugnância de Nietzsche ao anti-semitismo,
constitui tanto uma indicação imprescindível de como essa época do ano
costumava abalá-lo, como também um importante indício de que não se pode
simplesmente relegar as diatribes contra a sua irmã, contra os seus amigos mais
próximos e contra os seus contemporâneos, bem como a elevada opinião que o
filósofo possuía sobre sua própria importância histórica, ao delírio que
precedeu seu colapso mental. Podemos, deste modo, entender melhor os possíveis
motivos que levaram Nietzsche a desejar fazer certas alterações em Ecce homo em dezembro de 1888. [7]
Para
a tradução da carta, cotejamos a KSB com o quinto volume da edição italiana, Epistolario – 1885-1889,
com tradução de Vivetta Vivarelli, e apresentação e notas de Giuliano Campioni
e Maria Cristina Fornari, e também com a edição francesa, Dernières lettres, com tradução, apresentação e notas de Yannick
Souladié. Para as notas, consultamos tanto a edição italiana quanto a francesa,
bem como Recordações de Friedrich
Nietzsche, de Paul Deussen.
Referências
Bibliográficas
DEUSSEN, Paul. Erinnerungen an Friedrich Nietzsche. Leipzig: Brochaus, 1901.
______. Souvenirs sur Friedrich Nietzsche. Traduit par Jean-François
Boutout. Paris: Le Promeneur, 2002.
NIETZSCHE, Friedrich. Kritische Studienausgabe.
Herausgegeben von Giorgio Colli und Mazino Montinari. Berlin/München/New York: Walter de
Gruyter/DTV, Band 6, 1988.
______. Sämtliche Briefe Kritische Studienausgabe. Herausgegeben von Giorgio Colli und Mazino Montinari. Berlin/München/New York: Walter de
Gruyter/DTV, Band 8, 1988.
Nietzsche Briefwechsel. Kritische Gesamtausgabe. KGB
III/6, Briefe an Nietzsche. Januar 1887–Januar 1889. Herausgegeben von: Colli,
Giorgio; Montinari, Mazzino. Berlin, New York: Walter de Gruyter, 1975.
______. Epistolario – 1885-1889. Versione di
Vivetta Vivarelli. Notizie e note di Giuliano Campioni e Maria Cristina
Fornari. Milano: Adelphi Edizioni, Vol. V., 2011.
______. Dernières
lettres: Hiver 1887-Hiver 1889, de La volonté de puissance a L’Antichrist.
Traduction, présentation et notes par Yannick Souladié. Paris: Éditions
Manucius, 2011.
______. « Les annés d’enfance:
1844-1858 ». In: Premiers écrits:
le monde te prend tel que tu te donnes. Traduction de l’Allemand et préface de
Jean-Louis Backès. Paris: Le cherche midi éditeur, 1994.
______.
O Anticristo: maldição ao cristianismo / Ditirambos de Dionísio. Tradução, notas e posfácio Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
______. El Anticristo: Maldición sobre el
cristianismo. Introducción,
traducción y notas Andrés Sánchez Pascual. Madrid: Alianza Editorial, 2003.
______.
Ecce homo: como alguém se torna o que é. Tradução, notas e posfácio Paulo César de
Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
______. Ecce homo: de como a gente se torna o
que é. Tradução, organização, prefácio, comentários e notas de Marcelo Backes.
São Paulo: L&PM Pocket, 2011.
OVERBECK, Franz. Souvenirs sur friedrich Nietzsche.
Traduit par Jeanne Champeaux. Paris : Éditions Allia, 2000.
CARTA
968. Carta
a Elizabeth Föster em Assunção
[Esboço, Nice, final de
dezembro de 1887]
Foi-me demonstrado agora preto no branco que o
senhor Dr. Föster ainda não abandonou suas ligações com o movimento
anti-semita. Um estúpido Biedermeier [8]
de Leipzig (Fritsch [9],
se bem me lembro) realizou esta tarefa, – até o momento, malgrado meus
protestos enérgicos, ele tem me enviado regularmente a “Antisemitische Correspondenz” (ainda não li até agora nada tão
desprezível quanto esta Correspondenz).
Desde então, está sendo difícil fazer com que prevaleça ao teu favor um pouco
da antiga ternura e consideração que durante tanto tempo tive por ti, de modo
que a separação entre nós está cada vez mais próxima de se consumar da maneira
mais absurda. Tu não entendeste minimamente com
que propósito eu estou no mundo?
Queres
um catálogo de formas de pensar [Gesinnungen]
que sinto como antípodas? Tu encontrarás de maneira muito bem ordenada nas “Nachklängen zum Parsifal” [Ressonâncias de Parsifal] [10]
do teu marido; ao lê-las, sobreveio-me a idéia assombrosa de que tu nada, nada
entendeste de minha doença, e menos ainda de minha mais dolorosa e
surpreendente vivência [Erlebniss] –
que o homem que mais reverenciei [11]
afundou gradualmente numa degeneração repugnante, naquilo que sempre desprezei
mais do que qualquer outra coisa, no embuste dos ideais morais e cristãos.
Agora a coisa foi tão longe que devo defender-me com unhas e dentes para não
ser confundido com a canaille anti-semita;
depois que minha própria irmã, minha ex-irmã, assim como recentemente também Widemann
[12],
deu impulso a mais funesta de todas as confusões. Depois que li o nome de
Zaratustra na “Antisemitische
Correspondenz”, minha paciência chegou ao limite – estou agora em estado de
legítima defesa contra o partido do
teu marido. Esses malditos arremedos anti-semitas não devem pôr as mãos em meu ideal.
O
quanto já não sofri pelo fato de que por meio do teu casamento o nosso nome se
tenha misturado com este movimento! Nestes últimos seis anos, tu perdeste toda
razão e todo respeito.
Céus,
como isso me é difícil!
Jamais
esperei, é claro, que tu pudesses entender qualquer coisa sobre a posição que
ocupo enquanto filósofo diante de meu tempo; apesar disso, tu poderias ter, com
um mínimo de instinto de amor, evitado te instalar tão facilmente entre os meus
antípodas. Penso agora das irmãs quase a mesma coisa que pensava Schopenhauer –
elas são supérfluas e provocam o absurdo.
Agrada-me
que, como resultado dos dez últimos anos, eu tenha perdido a animante ilusão de
que alguém possa saber o que se passa comigo. Há anos tenho estado à beira da
morte: ninguém jamais teve a mínima idéia do por quê. E quando recuperei,
recuperei lentamente, a saúde, quase todas as pessoas que conheço literalmente
disputaram para pôr à prova repetidamente minha convalescença pelos abusos mais
ofensivos:
guardo-me
agora de manter proximidade com os homens de hoje; porque minha recordação em
relação a quase todos que conheci até agora, é de ter sido abusado
vergonhosamente por eles nos momentos mais difíceis
A
verdade é que até agora não me esqueci de nenhum daqueles que me atacaram nos
dez últimos anos: mas talvez eu ainda aprenda a fazê-lo, minha memória tem
pouco espaço para as minhas vivências
tem-me
sido impossível até agora, por exemplo, visitar Overbeck em Basiléia, porque
não perdoei a senhora Overbeck por ela ter concebido uma representação suja e
indigna de um ser, de quem eu mesmo havia dito a ela ter sido a única natureza
aparentada a minha que já encontrei na vida. [13]
O mesmo vale para Malwida e, no fundo, para todos os meus velhos conhecidos:
até o momento, ninguém restaurou, sobre este ponto, minha honra. [14]
A visita deste excelente Deussen fez-me lembrar desta situação. [15]
3. Durante muito tempo supus,
por conta de uma absurda bonomia, que se sabia mais ou menos o que se passa
comigo (por exemplo, porque tenho vivido durante anos na vizinhança mais
próxima da morte). Agora, passo a passo, tornei-me ciente disto (que ninguém
sabe nada sobre mim). E o melhor é que, desde que eu soube disso, sinto-me mais
despreocupado, benevolente e mais de acordo para com todos.
Estou agora adaptado a
uma situação da qual até então sempre me senti “condenado” (ou seja, fazer-me
de surdo a tudo o que vem de meus próximos) [16],
mais ainda, compreendi precisamente nisto o caráter distintivo de minha situação,
do meu problema, do meu novo questionamento.
Estou aprendendo a me
adaptar a uma situação da qual até então sempre me acreditei condenado: ou
seja, fazer-me de surdo a tudo o que vem de meus próximos.
[1] Cf. NIETZSCHE, Friedrich. Ecce homo: de como a gente se torna o
que é. Tradução, organização, prefácio, comentários e notas de Marcelo Backes.
São Paulo: L&PM Pocket, 2011, p. 30, tradução ligeiramente modificada. As últimas alterações que Nietzsche havia
decidido fazer em Ecce Homo, em dezembro de 1888 (entre as quais se
inclui a decisão de apresentar a obra Transvaloração de todos os valores
como já terminada, ou seja, como constituindo integralmente O Anticristo,
cf. o Exergo que abre a obra e “Porque escrevo livros tão bons: Crepúsculo dos
ídolos” § 3) foram encontradas por Mazzino Montinari nos espólios de Peter Gast
(Heinrich Köselitz) em 1972, e incluídas na edição crítica das obras de
Nietzsche organizada por Colli e Montinari. Em sua tradução feita para a
Companhia das Letras, Paulo César de Sousa não insere essas modificações por
achar exagerada a importância que se dá a elas na edição crítica, adotando como
edição de referência aquela publicada por Karl Schlechta. Cf. NIETZSCHE,
Friedrich. Ecce
homo: como alguém se torna o que é. Tradução, notas e posfácio Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, nota 8, p. 120-122.
[2] Cf. SOULADIÉ, Yannick. « Nietzsche
à la lettre ». In: NIETZSCHE, Friedrich. Dernières lettres: Hiver 1887-Hiver 1889, de La volonté de
puissance a L’Antichrist. Traduction, présentation et notes par Yannick
Souladié. Paris: Éditions Manucius, 2011, pp. 9-23.
[3] Alguém poderia ver nisso uma
hesitação no que diz respeito as suas convicções anticristãs, quando, na
verdade, isso representa uma grande comprovação do quão forte sempre foi o seu
instinto pagão.
[4] Cf. KGB III/6.
[5] Cf. as cartas a Constantin Georg
Nauman de 27 de dezembro de 1888, de primeiro de janeiro de 1889 e de 2 de
janeiro de 1889.
[6] Overbeck, Souvenirs
sur friedrich Nietzsche, p. 25.
[7] Não obstante, a decisão de
apresentar O Anticristo como constituindo,
somente ele, a Transvaloração de todos os
valores (antes projetada como contendo mais três livros além de O Anticristo), já havia sido tomada em
novembro de 1888. Cf. carta a Georg Brande de 20 de novembro de 1888.
[8] Biedermeier designa na Alemanha o período a partir da
Restauração (Congresso de Viena, 1815) até os eventos de 1848. O termo “Biedermeier” serve para se referir a um
burguês conservador, que respeita as autoridades, totalmente desprovido de
nobreza e originalidade. O Biedermeier
alemão equivale ao
senhor Prudhomme francês, que
remete ao personagem M. Joseph Prudhomme criado por H. Monnier
(Grandeur et décadence de M. Joseph Prudhomme, 1853),
personificação do pequeno burguês conformista, limitado e satisfeito consigo
mesmo.
[9] Theodor Fritsch
(1852-1933), jornalista, editor e escritor, famoso defensor da causa
anti-semita, gozava de grande popularidade na Alemanha. Cria, em 1885, a “Antisemitische Correspondenz”,
como órgão de propaganda anti-semita. Em 1893, publicou seu escrito mais famoso
Antisemiten-Katechismus. Em
março de 1887, ele
envia a Nietzsche alguns números da “Antisemitische Correspondenz”. O
filósofo lhe responde de forma seca e ríspida em duas cartas, em 23 e 29 de
março de 1887.
[10] Parsifal-Nachklänge.
Allerhand Gedanken über deutsche Cultur,
Wissenschaft, Kunst, Gesellschaft de Bernhard Förster publicado em Leipzig, 1883. Nietzsche possuía um exemplar da segunda edição
(1886, reeditada sob o título Richard Wagner in seiner nationalen Bedeutung
und in seiner Wirkung auf das deutsche Culturleben)
em sua
biblioteca.
[11] Alusão a Richard Wagner.
[12] Paul Widemann (1851–?), filósofo
e escritor, foi a Basiléia com seu amigo Heinrich Köselitz em 1875, para seguir
o curso de Nietzsche.
[14] Ou seja, Nietzsche se sentia
desonrado pelo seu envolvimento com Lou Salomé por conta da forma com que seus
amigos a julgaram e, conseqüentemente, pela forma com que estes interpretaram
seu relacionamento com ela.
[15] Paul Deussen (1845-1919),
filósofo e escritor, amigo de infância de Nietzsche. Os dois se conheceram na
Escola de Pforta. Deussen também vai com Nietzsche para Bonn e, depois, para
Leipzig. Nietzsche introduziu o amigo no pensamento de Schopenhauer. Deussen,
diferente de Nietzsche, jamais abdicará de sua adesão à filosofia de
Schopenhauer, tornando-se um dos mais eminentes especialistas do autor de O mundo como vontade e representação,
fundando em 1911 a Schopenhauer-Gesellschaft.
A amizade entre os dois sofreu um pequeno abalo pela inveja de Deussen ao ver
seu jovem amigo ser indicado à cátedra de Filologia Clássica em Basiléia antes
mesmo de concluir seus estudos. Contudo, os dois logo se entenderam e deram
início a uma amizade epistolar que durou até o fim da vida consciente de
Nietzsche (que evitava obstinadamente discutir Schopenhauer com o amigo). Após
vários anos de grandes dificuldades financeiras, Deussen é nomeado, em 1882,
como professor da Universidade de Berlim, dando início a uma prolífica carreira
acadêmica, tornando-se um dos maiores especialistas ocidentais no pensamento
indiano. Foi Deussen quem iniciou Nietzsche no pensamento hindu com suas obras Le Système du Vedanta (1883) e Les Sûtra du Vedanta (1887). Em
1907, Deussen publica suas Erinnerungen
an Friedrich Nietzsche, Leipzig, Brochaus. Deussen e sua esposa visitaram Nietzsche em Sils
Maria em primeiro de setembro de 1887 (é a essa visita que Nietzsche faz alusão
nesta carta), o indianista faz uma descrição dessa visita em suas Erinnerungen, afirmando que a mesma lhe
causou uma funesta impressão acerca da saúde de seu amigo (Nietzsche inclusive
lhe apresenta um réquiem que deveria ser lido em seu próprio enterro). Nesta
visita, Deussen informou Nietzsche sobre o casamento entre Lou Salomé e Carl
Andreas, celebrado em junho.
[16] “Nie einen verwandten Laut zu
hören”, literalmente, “nunca ouvir um ruído próximo”.
Eu acho que todos sentem o que ele sentia nesse momento, porém nem todos tem a mesma capacidade intelectual desenvolvida para expressar ou no mínimo não acham que algum dia devam se expressar de maneira alguma.
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