domingo, 26 de fevereiro de 2012

ESBOÇO DE UMA CARTA DE NIETZSCHE A ELIZABETH




Esboço de uma carta de Nietzsche a Elizabeth

A mais profunda objeção ao eterno retorno do mesmo


Apresentação, tradução e notas de Allan Davy Santos Sena.
Doutorando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp
Bolsista CNPq (allandavy@hotmail.com).


Na última versão que o § 3 de “Por que sou tão sábio” de Ecce homo recebeu, em dezembro de 1888, Nietzsche declara: “Eu confesso que a mais profunda objeção contra o ‘eterno retorno’, meu pensamento verdadeiramente abissal, sempre são minha mãe e irmã...” [1] Essa declaração, juntamente com a fantasia de Nietzsche no que diz respeito a sua ascendência nobre e polonesa, acabou se tornando um dos grandes argumentos para a interpretação, que já deveria estar, mas não está, totalmente rechaçada e relegada ao preconceito mais vulgar, de que o Ecce homo, juntamente com O Anticristo e os Ditirambos de Dionísio, são frutos do delírio que assaltou Nietzsche pouco antes de seu colapso mental que o deixou demente. Em sua brilhante introdução a sua tradução das últimas cartas de Nietzsche, Yannick Souladié [2] chama atenção para o fato de que todo testemunho que dispomos sobre o colapso de Nietzsche se resume aos bilhetes escritos entre 3 e 4 de janeiro de 1889, os relatos de Overbeck e os relatórios da equipe médica de Basiléia e de Jena. Todas as cartas de setembro a meados de dezembro de 1888 atestam claramente que Nietzsche não estava louco, mas em plena posse de suas faculdades mentais ao escrever O Anticristo, Ecce homo, e Nietzsche contra Wagner. No que concerne ao período exatamente precedente ao colapso (ou seja, entre 15 de dezembro a 2 de janeiro), há certas proposições de Nietzsche que podem parecer excessivas, desmesuradamente imodestas. Entretanto, a imodéstia de Nietzsche não pertence unicamente a este período e nem é exclusividade do filósofo (além de estar relacionada, naturalmente, como uma fina auto-ironia). Assim como Nietzsche, o próprio Wagner, por exemplo, sempre fez uma idéia bastante elevada de sua própria importância histórica. Uma agitação crescente pode ser de fato constatada a partir da segunda quinzena de dezembro, mas é somente a partir do Natal que as coisas começam verdadeiramente a se deteriorar. As cartas de 25 de dezembro a 2 de janeiro testemunham uma percepção alterada de certas realidades. Segundo Souladié, o Natal era uma data pela qual Nietzsche sempre se mostrou particularmente sensível. [3] Podemos verificar isso no primeiro de seus vários escritos autobiográficos de juventude, a saber, Da minha vida: Os anos de infância: 1844-1858, escrito aos 14 anos, no qual ele faz uma transcrição de uma “Carta de Natal” que ele escrevera talvez no Natal de 1857 (cf. nossa tradução dessa “Carta de Natal” publicada no Blog do Grupo Nietzsche da UFMG clicando aqui). Souladié informa que as grandes crises de Nietzsche costumavam sobrevir neste período do ano. Na virada do ano 1879-1880, por exemplo, ele chegou mesmo a acreditar que sua vida tinha chegado ao fim. Seus parentes e amigos próximos já estavam até mesmo habituados a observarem essa sua agitação à ocasião das festas de fim de ano. Heinrich Köselitz chega inclusive a responder ao “bilhete de loucura” que Nietzsche lhe envia: “Estimado Professor! Devem estar se passando grandes coisas com você! Seu entusiasmo, sua saúde [...] Você é uma saúde contagiosa; a epidemia, que sua saúde certa vez buscou, a epidemia que não pode mais faltar a sua saúde.” [4] Deste modo, Souladié defende que embora a “crise natalina” de Nietzsche não possa ser considerada como aquilo que de fato desencadeou o colapso mental do filósofo, ela é sem dúvida um fator envolvido em seu advento. De 25 de dezembro a 2 de janeiro, Nietzsche escreve cartas algumas vezes um pouco fantasiosas, mas que não indicam de modo algum uma perda total de razão como aquelas escritas nos dias 3 e 4 de janeiro. Ele envia, por exemplo, instruções muito precisas ao seu editor Constantin Georg Naumann até 2 de janeiro de 1889. [5] É unicamente a partir de 3 de janeiro, portanto, que as cartas de Nietzsche testemunham uma verdadeira e total perda de razão. Como podemos constatar no relato feito por Overbeck, que foi ao socorro do velho amigo em seu quarto na Via Carlos Alberto 6, em Turim, no dia 6 de janeiro de 1889, levando-o de volta a Basiléia juntamente com seus últimos manuscritos, e que pode testemunhar como se deu o colapso do filósofo melhor do que ninguém:

Sua loucura, da qual ninguém vivenciou a explosão mais perto do que eu, foi, tal é a minha convicção mais profunda, uma catástrofe que lhe acometeu de maneira súbita. Ela se produziu entre a véspera do Natal de 1888 e o dia do Ano Novo de 1889. É impensável que ele tenha sido louco antes, qualquer que tenha sido seu grau de exaltação. [6]

            A carta que gostaríamos de apresentar aqui é um esboço de uma carta não enviada escrita pelo filósofo a sua irmã, que na época residia com seu marido Bernhard Förster em uma colônia ariana, a Nova Germânia, em Assunção no Paraguai (após o fracasso de tal empreendimento, Föster se suicida, e Elizabeth retorna para a Alemanha para cuidar do irmão já demente). A carta, escrita no final de dezembro de 1887, além de testemunhar a absoluta repugnância de Nietzsche ao anti-semitismo, constitui tanto uma indicação imprescindível de como essa época do ano costumava abalá-lo, como também um importante indício de que não se pode simplesmente relegar as diatribes contra a sua irmã, contra os seus amigos mais próximos e contra os seus contemporâneos, bem como a elevada opinião que o filósofo possuía sobre sua própria importância histórica, ao delírio que precedeu seu colapso mental. Podemos, deste modo, entender melhor os possíveis motivos que levaram Nietzsche a desejar fazer certas alterações em Ecce homo em dezembro de 1888. [7]
            Para a tradução da carta, cotejamos a KSB com o quinto volume da edição italiana, Epistolario – 1885-1889, com tradução de Vivetta Vivarelli, e apresentação e notas de Giuliano Campioni e Maria Cristina Fornari, e também com a edição francesa, Dernières lettres, com tradução, apresentação e notas de Yannick Souladié. Para as notas, consultamos tanto a edição italiana quanto a francesa, bem como Recordações de Friedrich Nietzsche, de Paul Deussen.  

Referências Bibliográficas

DEUSSEN, Paul. Erinnerungen an Friedrich Nietzsche. Leipzig: Brochaus, 1901.

______. Souvenirs sur Friedrich Nietzsche. Traduit par Jean-François Boutout. Paris: Le Promeneur, 2002.

NIETZSCHE, Friedrich. Kritische Studienausgabe. Herausgegeben von Giorgio Colli und Mazino Montinari. Berlin/München/New York: Walter de Gruyter/DTV, Band 6, 1988.

______. Sämtliche Briefe Kritische Studienausgabe. Herausgegeben von Giorgio Colli und Mazino Montinari. Berlin/München/New York: Walter de Gruyter/DTV, Band 8, 1988.

Nietzsche Briefwechsel. Kritische Gesamtausgabe. KGB III/6, Briefe an Nietzsche. Januar 1887–Januar 1889. Herausgegeben von: Colli, Giorgio; Montinari, Mazzino. Berlin, New York: Walter de Gruyter, 1975.

______. Epistolario – 1885-1889. Versione di Vivetta Vivarelli. Notizie e note di Giuliano Campioni e Maria Cristina Fornari. Milano: Adelphi Edizioni, Vol. V., 2011.

______. Dernières lettres: Hiver 1887-Hiver 1889, de La volonté de puissance a L’Antichrist. Traduction, présentation et notes par Yannick Souladié. Paris: Éditions Manucius, 2011.

______. « Les annés d’enfance: 1844-1858 ». In: Premiers écrits: le monde te prend tel que tu te donnes. Traduction de l’Allemand et préface de Jean-Louis Backès. Paris: Le cherche midi éditeur, 1994. 

______. O Anticristo: maldição ao cristianismo / Ditirambos de Dionísio. Tradução, notas e posfácio Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

______. El Anticristo: Maldición sobre el cristianismo. Introducción, traducción y notas Andrés Sánchez Pascual. Madrid: Alianza Editorial, 2003.

______. Ecce homo: como alguém se torna o que é. Tradução, notas e posfácio Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

______. Ecce homo: de como a gente se torna o que é. Tradução, organização, prefácio, comentários e notas de Marcelo Backes. São Paulo: L&PM Pocket, 2011.

OVERBECK, Franz. Souvenirs sur friedrich Nietzsche. Traduit par Jeanne Champeaux. Paris : Éditions Allia, 2000.


CARTA


968. Carta a Elizabeth Föster em Assunção
[Esboço, Nice, final de dezembro de 1887]

Foi-me demonstrado agora preto no branco que o senhor Dr. Föster ainda não abandonou suas ligações com o movimento anti-semita. Um estúpido Biedermeier [8] de Leipzig (Fritsch [9], se bem me lembro) realizou esta tarefa, – até o momento, malgrado meus protestos enérgicos, ele tem me enviado regularmente a “Antisemitische Correspondenz” (ainda não li até agora nada tão desprezível quanto esta Correspondenz). Desde então, está sendo difícil fazer com que prevaleça ao teu favor um pouco da antiga ternura e consideração que durante tanto tempo tive por ti, de modo que a separação entre nós está cada vez mais próxima de se consumar da maneira mais absurda. Tu não entendeste minimamente com que propósito eu estou no mundo?
            Queres um catálogo de formas de pensar [Gesinnungen] que sinto como antípodas? Tu encontrarás de maneira muito bem ordenada nas “Nachklängen zum Parsifal” [Ressonâncias de Parsifal] [10] do teu marido; ao lê-las, sobreveio-me a idéia assombrosa de que tu nada, nada entendeste de minha doença, e menos ainda de minha mais dolorosa e surpreendente vivência [Erlebniss] – que o homem que mais reverenciei [11] afundou gradualmente numa degeneração repugnante, naquilo que sempre desprezei mais do que qualquer outra coisa, no embuste dos ideais morais e cristãos. Agora a coisa foi tão longe que devo defender-me com unhas e dentes para não ser confundido com a canaille anti-semita; depois que minha própria irmã, minha ex-irmã, assim como recentemente também Widemann [12], deu impulso a mais funesta de todas as confusões. Depois que li o nome de Zaratustra na “Antisemitische Correspondenz”, minha paciência chegou ao limite – estou agora em estado de legítima defesa contra o partido do teu marido. Esses malditos arremedos anti-semitas não devem pôr as mãos em meu ideal.  
            O quanto já não sofri pelo fato de que por meio do teu casamento o nosso nome se tenha misturado com este movimento! Nestes últimos seis anos, tu perdeste toda razão e todo respeito.
            Céus, como isso me é difícil!
            Jamais esperei, é claro, que tu pudesses entender qualquer coisa sobre a posição que ocupo enquanto filósofo diante de meu tempo; apesar disso, tu poderias ter, com um mínimo de instinto de amor, evitado te instalar tão facilmente entre os meus antípodas. Penso agora das irmãs quase a mesma coisa que pensava Schopenhauer – elas são supérfluas e provocam o absurdo.
            Agrada-me que, como resultado dos dez últimos anos, eu tenha perdido a animante ilusão de que alguém possa saber o que se passa comigo. Há anos tenho estado à beira da morte: ninguém jamais teve a mínima idéia do por quê. E quando recuperei, recuperei lentamente, a saúde, quase todas as pessoas que conheço literalmente disputaram para pôr à prova repetidamente minha convalescença pelos abusos mais ofensivos:   
            guardo-me agora de manter proximidade com os homens de hoje; porque minha recordação em relação a quase todos que conheci até agora, é de ter sido abusado vergonhosamente por eles nos momentos mais difíceis
            A verdade é que até agora não me esqueci de nenhum daqueles que me atacaram nos dez últimos anos: mas talvez eu ainda aprenda a fazê-lo, minha memória tem pouco espaço para as minhas vivências
            tem-me sido impossível até agora, por exemplo, visitar Overbeck em Basiléia, porque não perdoei a senhora Overbeck por ela ter concebido uma representação suja e indigna de um ser, de quem eu mesmo havia dito a ela ter sido a única natureza aparentada a minha que já encontrei na vida. [13] O mesmo vale para Malwida e, no fundo, para todos os meus velhos conhecidos: até o momento, ninguém restaurou, sobre este ponto, minha honra. [14] A visita deste excelente Deussen fez-me lembrar desta situação. [15]
3. Durante muito tempo supus, por conta de uma absurda bonomia, que se sabia mais ou menos o que se passa comigo (por exemplo, porque tenho vivido durante anos na vizinhança mais próxima da morte). Agora, passo a passo, tornei-me ciente disto (que ninguém sabe nada sobre mim). E o melhor é que, desde que eu soube disso, sinto-me mais despreocupado, benevolente e mais de acordo para com todos.
Estou agora adaptado a uma situação da qual até então sempre me senti “condenado” (ou seja, fazer-me de surdo a tudo o que vem de meus próximos) [16], mais ainda, compreendi precisamente nisto o caráter distintivo de minha situação, do meu problema, do meu novo questionamento.
Estou aprendendo a me adaptar a uma situação da qual até então sempre me acreditei condenado: ou seja, fazer-me de surdo a tudo o que vem de meus próximos.     


[1] Cf. NIETZSCHE, Friedrich. Ecce homo: de como a gente se torna o que é. Tradução, organização, prefácio, comentários e notas de Marcelo Backes. São Paulo: L&PM Pocket, 2011, p. 30, tradução ligeiramente modificada. As últimas alterações que Nietzsche havia decidido fazer em Ecce Homo, em dezembro de 1888 (entre as quais se inclui a decisão de apresentar a obra Transvaloração de todos os valores como já terminada, ou seja, como constituindo integralmente O Anticristo, cf. o Exergo que abre a obra e “Porque escrevo livros tão bons: Crepúsculo dos ídolos” § 3) foram encontradas por Mazzino Montinari nos espólios de Peter Gast (Heinrich Köselitz) em 1972, e incluídas na edição crítica das obras de Nietzsche organizada por Colli e Montinari. Em sua tradução feita para a Companhia das Letras, Paulo César de Sousa não insere essas modificações por achar exagerada a importância que se dá a elas na edição crítica, adotando como edição de referência aquela publicada por Karl Schlechta. Cf. NIETZSCHE, Friedrich. Ecce homo: como alguém se torna o que é. Tradução, notas e posfácio Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, nota 8, p. 120-122.
[2] Cf. SOULADIÉ, Yannick. « Nietzsche à la lettre ». In: NIETZSCHE, Friedrich. Dernières lettres: Hiver 1887-Hiver 1889, de La volonté de puissance a L’Antichrist. Traduction, présentation et notes par Yannick Souladié. Paris: Éditions Manucius, 2011, pp. 9-23.
[3] Alguém poderia ver nisso uma hesitação no que diz respeito as suas convicções anticristãs, quando, na verdade, isso representa uma grande comprovação do quão forte sempre foi o seu instinto pagão.
[4] Cf. KGB III/6.
[5] Cf. as cartas a Constantin Georg Nauman de 27 de dezembro de 1888, de primeiro de janeiro de 1889 e de 2 de janeiro de 1889. 
[6] Overbeck, Souvenirs sur friedrich Nietzsche, p. 25.
[7] Não obstante, a decisão de apresentar O Anticristo como constituindo, somente ele, a Transvaloração de todos os valores (antes projetada como contendo mais três livros além de O Anticristo), já havia sido tomada em novembro de 1888. Cf. carta a Georg Brande de 20 de novembro de 1888.
[8] Biedermeier designa na Alemanha o período a partir da Restauração (Congresso de Viena, 1815) até os eventos de 1848. O termo “Biedermeier serve para se referir a um burguês conservador, que respeita as autoridades, totalmente desprovido de nobreza e originalidade. O Biedermeier alemão equivale ao senhor Prudhomme francês, que remete ao personagem M. Joseph Prudhomme criado por H. Monnier (Grandeur et décadence de M. Joseph Prudhomme, 1853), personificação do pequeno burguês conformista, limitado e satisfeito consigo mesmo.
[9] Theodor Fritsch (1852-1933), jornalista, editor e escritor, famoso defensor da causa anti-semita, gozava de grande popularidade na Alemanha. Cria, em 1885, a Antisemitische Correspondenz”, como órgão de propaganda anti-semita. Em 1893, publicou seu escrito mais famoso Antisemiten-Katechismus. Em março de 1887, ele envia a Nietzsche alguns números da Antisemitische Correspondenz”. O filósofo lhe responde de forma seca e ríspida em duas cartas, em 23 e 29 de março de 1887.  
[10] Parsifal-Nachknge. Allerhand Gedanken über deutsche Cultur, Wissenschaft, Kunst, Gesellschaft de Bernhard Förster publicado em Leipzig, 1883. Nietzsche possuía um exemplar da segunda edição (1886, reeditada sob o título Richard Wagner in seiner nationalen Bedeutung und in seiner Wirkung auf das deutsche Culturleben) em sua biblioteca.
[11] Alusão a Richard Wagner.
[12] Paul Widemann (1851–?), filósofo e escritor, foi a Basiléia com seu amigo Heinrich Köselitz em 1875, para seguir o curso de Nietzsche.
[13] Provável referência a Lou Salomé.
[14] Ou seja, Nietzsche se sentia desonrado pelo seu envolvimento com Lou Salomé por conta da forma com que seus amigos a julgaram e, conseqüentemente, pela forma com que estes interpretaram seu relacionamento com ela.
[15] Paul Deussen (1845-1919), filósofo e escritor, amigo de infância de Nietzsche. Os dois se conheceram na Escola de Pforta. Deussen também vai com Nietzsche para Bonn e, depois, para Leipzig. Nietzsche introduziu o amigo no pensamento de Schopenhauer. Deussen, diferente de Nietzsche, jamais abdicará de sua adesão à filosofia de Schopenhauer, tornando-se um dos mais eminentes especialistas do autor de O mundo como vontade e representação, fundando em 1911 a Schopenhauer-Gesellschaft. A amizade entre os dois sofreu um pequeno abalo pela inveja de Deussen ao ver seu jovem amigo ser indicado à cátedra de Filologia Clássica em Basiléia antes mesmo de concluir seus estudos. Contudo, os dois logo se entenderam e deram início a uma amizade epistolar que durou até o fim da vida consciente de Nietzsche (que evitava obstinadamente discutir Schopenhauer com o amigo). Após vários anos de grandes dificuldades financeiras, Deussen é nomeado, em 1882, como professor da Universidade de Berlim, dando início a uma prolífica carreira acadêmica, tornando-se um dos maiores especialistas ocidentais no pensamento indiano. Foi Deussen quem iniciou Nietzsche no pensamento hindu com suas obras Le Système du Vedanta (1883) e Les Sûtra du Vedanta (1887). Em 1907, Deussen publica suas Erinnerungen an Friedrich Nietzsche, Leipzig, Brochaus. Deussen e sua esposa visitaram Nietzsche em Sils Maria em primeiro de setembro de 1887 (é a essa visita que Nietzsche faz alusão nesta carta), o indianista faz uma descrição dessa visita em suas Erinnerungen, afirmando que a mesma lhe causou uma funesta impressão acerca da saúde de seu amigo (Nietzsche inclusive lhe apresenta um réquiem que deveria ser lido em seu próprio enterro). Nesta visita, Deussen informou Nietzsche sobre o casamento entre Lou Salomé e Carl Andreas, celebrado em junho.
[16] “Nie einen verwandten Laut zu hören”, literalmente, “nunca ouvir um ruído próximo”.

2 comentários:

  1. Eu acho que todos sentem o que ele sentia nesse momento, porém nem todos tem a mesma capacidade intelectual desenvolvida para expressar ou no mínimo não acham que algum dia devam se expressar de maneira alguma.

    ResponderExcluir
  2. Merkur Futur Slant Safety Razor Chrome Gold
    The Merkur Futur is a top-quality 카지노사이트 adjustable safety razor with chrome plating. dafabet A unique blade exposure of 100,000 and 50,000 메리트카지노총판 times the effective

    ResponderExcluir